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Desabafos, pensamentos, coisas com demasiado sentido.
Há dias de chuva que nos marcam e deixam ora saudades e nostalgia, ora lembranças amargas.
Tenho alguns dias de lembranças amargas que preferia não ter vivido, mas são esses que nos fazem crescer como pessoas ou deixam marcas para sempre.
Lembro-me de ser criança, 4 anos provavelmente, e passar algumas tardes em casa de uma vizinha que tinha um bebé, e eu gostava muito de lá ir para poder ver o bebé, pois os meus "bebés" eram bonecos, eu não sabia como era um a sério. Adorava ver a dita vizinha a fazer as papas, a alimentar o bébe, a trocar a fralda. Parece que ainda me lembro dos cheiros da casa. Há um dia que fiz qualquer coisa, que não me lembro, talvez abraçar o bebé, talvez beijar, talvez agarrar, talvez um brinquedo que deixei cair, ou talvez barulho que possa ter acordado o bebé, não sei. Apagou-se da memória. Mas duas coisas sei, eu era apenas uma criança e sei que levei um estalo na cara, ficando sem perceber o que fiz de tão errado para a dita vizinha me ter batido. Abri a porta da casa e gritei a plenos pulmões pela minha mãe. E simplesmente chorava e soluçava, pois eu tinha tanto carinho por aquele bebé.
A minha mãe veio imediatamente buscar-me, pegou em mim ao colo. E há bem pouco tempo, lembrei-me que chovia. Que enquanto a minha mãe me carregava no colo, a caminho de casa, chovia sobre nós.
Isto marcou-me para a vida. Até porque voltou a acontecer algo semelhante, mas com contornos macabros, através de um familiar, ao ponto de nos deixarmos de falar, porque a mãe da criança inventou que eu beliscava e apertava a criança.
Mas que raio de carma o meu.
Mas também me lembro dos dias de chuva dentro do carro do meu pai, onde ele me ensinava sobre os manípulos do carro, o que faziam, e para que serviam.
Lembro-me dos dias de chuva no 1.º ciclo e da minha capa laranja para a chuva. Ainda sinto o cheiro do plástico da capa.
Lembro-me de uma entrevista de emprego, onde apanhei uma molha bem grande e fui à entrevista com as calças todas molhadas, mas acho que ninguém dos RH reparou, era eu muito jovem, 23 anos, talvez. Fiquei com uma das vagas.
Lembro-me dos dias de chuva em que o meu avô paterno chegava da venda.
Lembro-me dos dias de chuva de quando fiz uma cirurgia que correu mal.
Lembro-me do dia de chuva do meu primeiro dia de aulas na escola E.B.2,3 e do chapéu de chuva verde escuro com cavalinhos.
Lembro-me dos dias de chuva, em que a chuva se confundia com as minhas lágrimas por alguma tristeza do momento.
Lembro-me dos dias de chuva em que ia com o meu avô paterno passear e haviam poças de água no chão e formigas de asa.
Lembro-me dos dias de chuva que traziam arco-íris e alegrias na escola.
Dias de chuva têm sempre algo para contar. Parece que se colam à memória.